sábado, 24 de junho de 2023

Uma Luz nas profundezas

"... Se eu habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá." (Salmos 139:9,10)

Em junho de 2023, os jornais noticiaram o comovente caso do mini submarino Titan, que implodiu a uma profundidade de quatro mil metros, durante um passeio turístico aos destroços do navio Titanic. Quem não gostaria de contemplar o fundo do mar com os próprios olhos? Os cinco tripulantes do Titan tentaram fazer isso, porém, mais uma vez na história, a lição de prudência teve que ser aprendida da pior maneira, por causa da decisão de homens visionários, que escolheram se arriscar ao invés de obedecer às orientações de segurança. Depois dessa tragédia, novas medidas preventivas foram adotadas pelo governo do país, a fim de se evitar que no futuro, mais pessoas sofram em expedições desse tipo.


Nos desafios da vida, todos queremos felicidade e sucesso, mas tem gente apressada, que mergulha no mar da ilusão, nas profundezas da incerteza. E quando aparece o problema, o oxigênio para retroceder é consumido rapidamente pelas horas, pela falta de alternativas, pela falta de apoio. Quando se perde o controle da situação, surge o medo, a decepção, o desespero. Quando ninguém consegue enxergar a nossa dor, ficamos na escuridão sem saber o que fazer, esmagados pelas "águas do mar da vida".


Quem embarca na realização de um sonho, precisa calcular até onde ir ou quando deve parar. Seja na vida profissional, nas relações familiares ou em qualquer outro contexto, uma experiência desagradável no início da jornada, pode nos revelar as falhas que causariam danos maiores ou permanentes, caso permanecêssemos na rota inadequada. Perceber o problema antecipadamente, é um ganho preliminar, contudo, se pudermos começar acertando desde o início é bem melhor.


A vida seria menos complicada, se todos buscassem os Conselhos do Pai do Céu antes de tomar decisões. A Bíblia é a nossa Luz nas profundezas do mundo enganoso, pois ela nos ajuda a discernir o que é imprudência e o que é saudável. A Palavra de Deus nos leva para cima, para que possamos através da fé, respirar a esperança de um dia melhor.


Rev. Ailton de Oliveira

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Tão diferentes e tão parecidos


"E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Marcos 10:8-9)

Hoje embarquei no universo infantil do escritor Hans Christian Andersen, de onde pude extrair da obra: O Soldadinho de Chumbo, uma reflexão sobre namoro e casamento, ressaltando a união entre pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas.

Os personagens ganham vida na imaginação do menino, que brinca com seu presente de aniversário: uma caixa de soldadinhos de chumbo. No conjunto de vinte e cinco unidades idênticas, havia ali um bonequinho diferente, que tinha somente uma perna. Talvez, uma interferência no processo de fabricação tenha gerado o elemento incompleto, contudo, esse soldadinho se mantinha firme de pé e por algum motivo que, só o escritor poderia justificar, ele era o preferido do menino. Estaria o autor externando um sentimento escondido em sua própria história? 


Após chegar à mesa dos brinquedos, o Soldadinho sentiu-se atraído pela linda Bailarina de papel. Ela irradiava simpatia e o brilho de uma estrela de metal presa ao cabelo. Mas eles eram tão diferentes! Ele era chumbo e brincava de guerra e ela era delicada e gostava de dançar.


Chegando mais perto, o Soldadinho notou que a moça também se equilibrava em uma perna só, bailando suavemente. Então ele pensou: aí está alguém que se parece comigo. Naquele instante, o chumbo viu na delicadeza do papel, a combinação de dois projetos de vida opostos, que só um poeta inspirado seria capaz de conceber. Na mesma sintonia, a Bailarina mostrou-se interessada em conhecer o moço que tanto a observava. Se eu fosse um brinquedo intrometido, eu lhe daria uma catucada e diria: apaixonou hein?!


Christian Andersen esboça a ideia do coração solitário que experimenta o tal: amor à primeira vista. Você acredita nisso? Nossa veia romântica é condescendente ao personagem, que teme ser menosprezado, só porque é diferente. Talvez, alguém se identifique com o Soldadinho de Chumbo, ao pressupor que o personagem carrega dentro de si um desprazer, um medo de não conseguir algo, um desconforto na alma parecido com as amarguras do seu dia-a-dia. Seja qual for o aspecto que nos conecta ao enredo, desejamos que o autor escreva um final mais feliz do que seu começo, seja por uma questão de justiça compensatória, seja pela previsível determinante das novelas, onde a felicidade prevalece no último capítulo. Da mesma maneira, poderia espelhar-se na Bailarina de papel, alguém que sonha encontrar um namorado gentil, que aceite suas fragilidades e lhe faça sorrir.


Em relação à ideia de "príncipe encantado", na vida real, os homens são tão ou mais incompletos do que o nosso clássico Soldadinho de Chumbo. Em relação à "mulher maravilha", as mulheres são tão ou mais sensíveis do que a bailarina de papel. Talvez, alguma interferência na gênese desses seres complexos, tenha gerado uma parte com sérios conflitos nas estruturas da humanidade, contudo, os casais precisam aprender a se equilibrar, a se manterem de pé e valorizarem o relacionamento na forma mais saudável que conseguirem, pois Deus fez homem e mulher, para se tornarem através do casamento: uma só carne.


O casamento foi instituído por Deus, para que homem e mulher se completem e sejam felizes. Que as orações dos enamorados possam chegar na escrivaninha do Divino Poeta, Criador dos seres apaixonados, o Deus que pode tirar da caixa um milagre diferente de todos os outros, o maior dos milagres: o amor.


O tempo passará e a fogueira da vida consumirá o vigor, os cabelos brancos e o equilíbrio das pernas. Se o soldadinho cair, com o mesmo amor de sempre, a bailarina cuidará de seu companheiro. E se um dia a Bailarina chorar, ela não estará só, porque juntos, eles são uma só carne, mesmo sendo tão diferentes e tão parecidos.


Que Deus abençoe você e a sua paixão!


Ailton de Oliveira


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O Princípio do Saber

"O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino" (Provérbios, 1:7).


Quando saio de manhã para trabalhar, tenho que ficar parado com meu carro em alguns trechos congestionados no caminho, até finalmente conseguir chegar ao destino esperado. O engarrafamento desgasta minha paciência, no entanto, o ócio sugere que eu dialogue com meus próprios pensamentos sobre a vida e em virtude de minha formação cristã, aproveito para meditar no conhecimento bíblico.


Enquanto medito, escuto sons das buzinas e motocicletas, vindo lá de fora. E dentro da mente, surgem barulhos de perguntas, desejos e receios que militam contra a minha fé. Bem-vindo à congestionada avenida dos pensamentos! Bem se sabe, que todas as pessoas passam pela avenida dos pensamentos, cada qual, em sua direção própria, mas nem todos sabem a direção certa a seguir, em seus pensamentos e propósitos.


Pensar é, muitas vezes, semelhante a uma autoestrada, pois há momentos em que as dificuldades avançam e as soluções travam, quando nos falta o saber específico para resolver determinados problemas. Saber o que fazer diante das dificuldades, por sua vez, requer maturação dos processos de aprendizagem. Toda pessoa que deseja se tornar sábia, precisa antes passar pelo exercício do ensino, seja qual for a área do conhecimento em questão. O saber de um indivíduo é precedido por sua experiência direta, pela observação e pela reflexão do assunto, orientado por um princípio básico. Para os filhos de Deus, esse princípio se chama: temor do Senhor e ele é ensinado na Bíblia.


Provérbio 1:7 aponta três aspectos, que estão interligados na vida de um cristão: o temor no Senhor; o saber; e o ensino. Um conselho válido no âmbito espiritual, nas relações profissionais, no convívio em sociedade e em tudo mais que o ser humano esteja relacionado. Na Bíblia estão os fundamentos essenciais da fé, que nos ensinam sobre o amor de Deus e sua Aliança com homens, por intermédio de Cristo. Mas quem não acredita em Jesus, despreza a sabedoria da Palavra de Deus, porque não teme ao Senhor e por isso, o descrente é chamado de louco, pelas Escrituras Sagradas.


Quem teme a Deus, deve saber que o Altíssimo está na direção da sua vida! Portanto, reserve um tempo diário para meditar na Palavra de Deus e confie que Ele está cuidando de você, porque "o temor do Senhor é o princípio do saber".


Ailton de Oliveira

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O que fazer, quando as coisas mudam?

"E chamou Moisés a Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel: Esforça-te e anima-te; porque com este povo entrarás na terra que o Senhor jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la. O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes." (Deuteronômio 31:7-8)

Recentemente, eu soube que um amigo largou seu emprego relativamente estável, para empreender o próprio negócio. Esse moço tem coragem! Mas eu conheço outros que, sem um pingo de coragem, tiveram que recomeçar suas atividades profissionais em um ramo diferente, porque foram demitidos do emprego. É fato: As coisas mudam. E também é fato, que as contas chegam e alguém precisa pagá-las. Isso basta para motivar alguma reação positiva? Como alerta, costuma funcionar.

Durante a pandemia do Covid-19, muita gente precisou aprender a trabalhar pela Internet, e foi a alternativa que salvou o trabalho. Algumas atividades comerciais sumiram do mercado, já outras, cresceram oferecendo opções tecnológicas em meio à crise econômica. Mudanças acontecem, é bom estar preparado!

O contexto histórico de Deuteronômio 31, me faz crer que havia ali processos tensos de mudanças antes, durante e após a troca de líder em Israel. Estamos falando de um povo que havia peregrinado quarenta anos no deserto e naquela fase da caminhada, já se podia avistar de longe a Terra Prometida. Quanto mais eles se aproximavam do destino esperado, mais as expectativas e preocupações se agigantavam. Se estivéssemos falando de um campeonato de futebol, eu diria que, quanto mais perto do jogo final, maior é a pressão psicológica sobre os competidores. 

Moisés estava se despedindo do maior projeto de sua vida, pelo qual caminhou do Egito até próximo à fronteira de Canaã. Mas as coisas mudaram, pois ele não poderia pisar na Terra Santa e também estava prestes a partir de sua jornada terrena. Depois de décadas pastoreando o povo de Deus, o expoente ancião entrega a liderança da missão para seu sucessor Josué e do ar quente do Deserto, Moisés é transferido ao frescor da Morada Celeste. Mudanças são assim, às vezes trazem lágrimas de saudade; às vezes trazem comemoração de vitória; às vezes levam alguma coisa de nós. No ápice de um desabafo descontente, nós pensamos: o que ainda pode mudar?

Certa vez, alguém me disse em tom de humor, que uma mente de idade avançada organiza seus propósitos em contagem regressiva. Mas vale aqui destacar, que Moisés trabalhou até seus 120 anos de idade, então permita-me discordar da piada.

Josué, por sua vez, vislumbrava um novo horizonte promissor, porém desconhecido e desafiador. Em sua missão de guiar o povo de Israel para além do Rio Jordão, ele precisava atualizar sua postura, pois a partir de então, o povo precisava ver no homem comum, não somente um general de guerra, mas também, um líder abençoado por Deus e competente para julgar os assuntos da nação. Josué passou a ter mais visibilidade e muito mais responsabilidades. Coragem não lhe faltava, contudo, não estava isento de temor e espanto, por isso, Deus estava ao lado para orientá-lo.

Quando as coisas mudam, às vezes temos que trabalhar mais, às vezes temos que sair da nossa zona de conforto e colocar a “mão na massa”, ainda mais, quando aparece um rio de problemas no caminho, que precisa ser atravessado. Pessoas se adaptam às mudanças da vida cotidiana pensando em sustento, propósitos, segurança, sonhos, paixão e outras demandas que vão aparecendo. Por vezes, é preciso mudar alguma coisa dentro de nós, para poder continuar um propósito, por vezes, é preciso estudar o plano.

Pessoas são como aves que voam até muito longe, que se esforçam durante muito tempo para garantir o alimento, a tranquilidade, a sobrevivência e quando é preciso, mudam de lugar. Talvez, as aves migratórias possam nos inspirar a sermos mais gratos a Deus, quando mudar não significar ganho, porque de repente, as coisas podem mudar. Quem sabe, os sonhos interrompidos não significam perdas, mas sim, correntes de ar nos despertando para a realidade, nos avisando que, como diria o cantor e compositor Belchior:  "viver é melhor que sonhar".

Você quer saber o que fazer, quando as coisas mudam? A experiência que Moisés vivenciou com Josué, vem nos ensinar hoje que as coisas mudam, mas há coisas que nunca mudam e são estas: o Senhor vai adiante de nós, está conosco e não nos abandona; Deus não nos desampara e por isso, não precisamos temer e nem ficar espantados com as mudanças ao nosso redor.

Confie em Deus, porque as coisas mudam!

Ailton de Oliveira.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

...E viveram felizes para sempre

Dedico esta mensagem a minha esposa Juli, o grande amor da minha vida, por mais um aniversário de casamento.

"...Como um lírio entre os espinhos, assim é a minha amada entre as outras mulheres" (Cânticos: 2:1-2).

Ela gosta de contar as datas especiais e ele, de contar histórias. Ela é sensível, cem por cento coração, por vezes também vulcão. Ele é calmaria e distração, mas quando a viu passar, olhou com atenção, olhou de novo e continuou olhando.

Inebriado pela força do querer, ele se apaixonou sem resistências, sem medo, sem vergonha. Até porque, já era tarde demais para decidir, se já estava decidido pela paixão. Como se não bastasse ser ela sua cara metade, ainda era linda.


No mesmo segundo que a viu, sentiu-se grato pela resposta de Deus, como se em algum momento tivesse pedido ajuda para escolher. Se não fosse Deus, para iluminar os caminhos dessa paixão destemida, em vão falariam os poetas e as canções românticas, que ele passou a ouvir, enquanto pensava nela.


Pés felizes caminharam na direção da amada e com palavras gentis, ele conseguiu tocar em sua mão, um tanto atrapalhado, mas ela sorriu. Como bem diz o cantor Lulu Santos: "nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e luz. Têm certas coisas que eu não sei dizer".


Existe alguma explicação para duas pessoas tão diferentes viverem um grande amor? Há de se preferir, que os Cânticos de Salomão inspirem os corações enamorados, bem como a conclusão de Ruben Alves, quando diz: "como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo".


Pela primeira vez, ele viu a arte colorir o artista. O início de uma história de amor, em que a pintura ganha vida na forma de mulher, salta da tela e se casa com o pintor. A partir de então, eles escreveram a gênese de uma nova árvore genealógica e a construir seu próprio paraíso.


E viveram felizes para sempre!


Ailton de Oliveira

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Onde moram as estrelas

"Levantai os olhos e observai as alturas: Quem criou tudo isso? Foi aquele que coloca em marcha cada estrela do seu incontável exército celestial, e a todas chama pelo nome. O seu poder é incalculável; inextinguível a sua força, e, por isso, nenhum desses corpos celestes deixa de atender prontamente." (Isaías 40: 26).

Quero falar aqui, de uma pessoa especial que partiu sem se despedir. Alguém com um grande coração, a qual, vimos sua luz se apagar tão rapidamente como a luz de uma estrela cadente, uma espécie de meteoro que incendeia, atravessa a madrugada, e encontra o chão que o esfria. 

Quando todos esperavam que aquela enfermidade fosse passageira, as palavras do médico ao telefone trouxeram a notícia dramática. Veja que comparação interessante: Tanto gente como meteorito, um dia cai e sua chama se apaga. Entretanto, a poesia também me permite ressaltar que, assim como os corpos celestes ornamentam o céu estrelado, existem na Terra pessoas brilhantes, que nos abençoam por meio de companheirismo e lealdade.

Muitas crianças já ouviram de seus pais, que as pessoas quando morrem, viram estrela. Este pensamento, deve confortar seus coraçõezinhos enlutados. Eu prefiro fazer apenas comparações didáticas, conforme fez o Profeta Isaías, o qual, expressa de forma poética, o zelo do Pai Celeste em relação ao Cosmos, no propósito de explicar a dedicação do Criador para com seu povo, conhecendo cada um de nós, individualmente.

Quero guardar no coração a imagem de uma pessoa amiga e verdadeira que foi importante na minha vida. Estou falando de uma personalidade que reflete luz em forma de sorriso. Minha emoção amarga hoje, a saudade de uma estrela grande que brilhou demais! Brilhou tanto, que recebeu a nossa admiração e amor. Brilhou tanto, que se gastou até o fim. Brilhou tanto, ao ponto de ajudar sempre que podia. Tão brilhante e ao mesmo tempo, tão simples.

Em sua simplicidade, ensinou mais do que sabia, deixando pelo caminho, fragmentos de uma grande sabedoria. Suas lições permanecem vivas, mas não podemos lhe dar um abraço do jeito que já foi um dia. Por isso eu me alinho à declaração de Eclesiastes 7: 4, que diz: “O coração do sábio está na casa onde há luto”.

O luto tem o seu tempo certo, pois naquela hora incerta, um anjo veio buscar a estrela enferma e irrequieta por um pouco de oxigênio, para “enxugar dos olhos a suas lágrimas”, para colocar novos ares em seus pulmões, para levá-la a um lugar onde “não existe morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, onde a antiga ordem é passado", conforme diz em Apocalipse 21:4. Mas nós não queríamos deixá-la partir, porque a estrela havia criado raízes na Terra. Ela tinha amigos, tinha um trabalho, tinha sonhos e tinha um lar para cuidar.

Deus cuidará da nossa estrelinha lá no Céu. A poesia bíblica diz, que “preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos” (Salmo 116:15), portanto, está claro que toda a ternura e compaixão que existe no mundo, emana do Pai das Luzes, por nós e através de nós, para o nosso bem. Por isso sentimos falta do abraço; por isso sentimos saudade de alguém.

A linda estrela se foi, produzindo um enorme buraco cósmico nos corações, pranto e saudade. Contudo, ela nos ensinou uma brilhante lição que é: saber perder, e perder caro, muito caro. Perdemos uma pessoa de inestimado valor, mas não perdemos a fé e nem a direção de Deus.

Se podemos crer e certamente cremos, que a pessoa que amamos voltou para os braços do Pai das estrelas, talvez, a ausência do ente querido possa contribuir, de alguma forma, para o nosso fortalecimento espiritual, porque nas horas de dor, o Senhor nos consola através de seu Santo Espírito. Talvez, a falta do velho braço forte, nos faça assumir com mais coragem, novas funções em casa, no dia a dia e até, algum papel importante nesse inevitável e assustador ciclo da vida. Sim, precisamos continuar a jornada! Porque os conselhos dos país permanecerão vivos na mente dos filhos. A antiga estrela passou, mas riscou no céu o caminho que leva a Cristo.

Descansemos no Senhor! Pois Deus conhece suas estrelas pelo nome e as recebe no Céu, porque um dia, o Senhor Jesus Cristo venceu a morte e para aqueles que o aceitaram como Salvador, "foi preparar um lugar". Jesus foi preparar para a sua Igreja, um lugar de descanso, um lugar de glória, um lugar onde moram as estrelas. Descanse em paz!

Ailton de Oliveira

sábado, 27 de junho de 2020

Os gafanhotos passam

“Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia. As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo. Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros” (Joel 2:23-25).

Em 26 de junho de 2020, os jornais noticiaram sobre uma nuvem de gafanhoto, de aproximadamente 20km² de extensão, que invadiu campos agrícolas na Argentina. Para a economia do país e quanto ao abastecimento alimentar de milhares de famílias, esse fenômeno natural foi um desastre, pois esses insetos estavam percorrendo até 150km por dia. Como precaução, autoridades governamentais do Brasil traçaram um plano de ação, utilizando o método de pulverização aérea, caso a nuvem de gafanhotos entre no território brasileiro.

Os cristãos praticantes , de maneira geral, associam a palavra: gafanhoto, imediatamente à oitava praga do Egito, ou às muitas citações sobre gafanhoto no Antigo Testamento e seu significado bíblico, ou às correntes teológicas sobre o Apocalipse. Fico impressionado ao ver alguns teólogos arriscando a própria reputação, ao apontarem conotação escatológica aos gafanhotos da Argentina. Eu confesso que existe em mim, um desejo irracional de interpretar todo desastre que aparece na mídia, como um sinal precedente da volta de Cristo, mas minha compreensão teológica bloqueia esse tipo de devaneio, me fazendo crer que o caso dos insetos que invadiram a Argentina é apenas uma nuvem que passa, ou não, mas isso, só Deus sabe.

Na primeira parte do livro de Joel, o profeta dá detalhes sobre uma grande nuvem de gafanhotos que devastou as plantações, provocando um grande prejuízo ao povo. A proposta profética para salvar o sustento dos habitantes daquela terra era, todos se chegarem a Deus, porque Joel sabia muito bem, que aquela nuvem de gafanhotos, não se limitava a um mero fenômeno da natureza, mas sim, de uma provação enviada por Deus, para repreender a incredulidade dos filhos de Deus.

O termo "dia do Senhor", em nossos dias faz referência à volta de Cristo, mas nos tempos dos profetas, significava: justiça divina na Terra, tanto para corrigir aqueles que davam às costas para o Senhor, fazendo-os sofrer a opressão dos inimigos de Israel, como para castigar esses inimigos que faziam mal ao povo de Deus. Na cultura em que Joel estava inserido, tanto o declínio como a prosperidade dos homens, passavam pela decisão soberana de Deus. Sobre a vida de todos os homens, havia um grande esquema divino orquestrado pelas mãos divinas.

Por falar em esquema, vocês lembram do Hopper, o gafanhoto líder do desenho animado: "Vida de Inseto" dos Estúdios Pixar? Tem uma hora, que os gafanhotos incentivam o irmão mais novo do Hopper, a convencer o líder, que eles deveriam dispensar a colheita realizada pelas formigas e irem embora daquele lugar. Então, o Hopper explica de forma incisiva, que eles precisavam ficar e escravizar as formigas por algum tempo e receber os tributos da espécie mais fraca, nem que fosse apenas para manter o "esquema" (a ordem natural da vida dos insetos) ou seja, o que podemos chamar de: ecossistema. O desenho animado esclarece ao longo do roteiro, que os gafanhotos precisavam das formigas para se alimentarem e as formigas, precisavam da presença dos gafanhotos, para afugentar outros insetos predadores, que representam perigo para existência do formigueiro. Depois de se alimentarem eles iriam embora.

O esquema nativo dos insetos é semelhante às relações do mercado de trabalho. As empresas maiores dominam sobre as empresas menores e ambas, cooperam mutuamente para se manterem produtivas. Entretanto, quando os ônus fiscais ou custos operacionais pesam demasiadamente sobre uma das partes, quando uma empresa corre o risco de falir ou até mesmo, quando um profissional não consegue se manter no emprego, aqueles que amargam perdas, sofrem como se estivessem sendo invadidos pelo gafanhoto migrador, pelo gafanhoto destruidor ou pelo gafanhoto cortador. Mas notícia boa nessa experiência é que os gafanhotos passam.

A partir do segundo capítulo de Joel, o profeta começa a mudar as notícias ruins, por palavras de esperança. O vigente panorama de seca, torna-se em perspectiva de chuva temporã, aquela que vem antes da estação das chuvas; torna-se em expectativa de chuva serôdia, aquela que permanece depois da estação das chuvas; ele anuncia que haverá fartura de trigo, de vinho, de azeite. O profeta muda de tristeza para alegria, porque os tempos difíceis passam, assim como os gafanhotos também passam. 

Se estamos sob o governo do único Deus, Soberano, que orquestra o Universo, então, devemos crer no tempo certo, o Senhor restituirá os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, porque é Ele quem nos dá a vida.

Ouçamos o profeta, que diz: alegrai-vos! Regozijai-vos no Senhor, porque ele vos dará o sustento em justa medida.

Ailton de Oliveira

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Um mundo perfeito

"Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Colossenses 3:8-10).

Na primeira cena do filme: "Um Mundo Perfeito", dirigido em 1993 por Clint Eastwood, mostra o menino Phillip, de 7 anos, sofrendo bullying dos coleguinhas da rua, só porque a religião de sua família o impedia de participar das brincadeiras de Halloween. A casa onde morava Philip com sua mãe e duas irmãs, naquela mesma noite é invadida pelo fugitivo Butch, interpretado pelo ator Kevin Costner, que depois de criar confusão com o vizinho e atrair a polícia, foge em um carro roubado, levando o menino como refém.

Durante uma longa viagem de fuga juntos, vivenciando situações arriscadas e algumas até divertidas, o menino encontra na companhia do bandido, a coragem para se libertar de complexos pessoais, acolhendo-o como pai amigo e protetor. No caso do Butch, ele via em Phillip mais que um filho, pois no passado desse presidiário foragido, existia a história do menino carente de afeto, mal tratado pelo pai agressivo. Como compensação de seus traumas da infância, Batch oferece ao Phillip, a atenção integral de um pai que ambos gostariam de ter.

É coerente crer que, a companhia de Butch significava o relaxamento moral na formação de qualquer criança. No entanto, o encontro entre a inocência infantil e a mente do bandido deformada pela violência, possibilitou pelo menos para essas duas pessoas, a sensação temporário de um mundo perfeito, onde havia amizade sincera e a confiança mútua que estes nunca haviam experimentado.

A viagem caminha para o desfecho previsível, quando Phillip pega o revólver e atira em Butch, para impedir que seu amigo bandido mate um homem que estava agredindo o próprio filho. Phillip chega a pensar, que seria castigado por isso, mas recebe do companheiro ferido, compreensão e perdão. 

O filme termina com a morte de Butch cercado pela polícia, despedindo-se de Phillip em uma cena emocionante. Dois personagens que se sentiam imperfeitos e rejeitados, encontraram um no outro em pouco tempo de convivência, o gostinho de um mundo perfeito.

Em sua carta aos irmãos de Colossos, o Apóstolo Paulo lhes recomenda uma postura mais humana, no propósito de se cultivar um mundo sem ira, sem indignação, sem maldade, sem maledicência, sem linguagem obscena e sem mentiras. A semeadura de um mundo perfeito, no qual se pressupõe o esforço do homem em espelhar a imagem daquele que o criou.

A sociedade que o apóstolo conhecia era intolerante com as pessoas consideradas diferentes. Os judeus se consideravam os homens mais próximos do Criador e alguns, diziam que os gregos deveriam ser circuncidados. Acreditavam que os rituais religiosos garantiam a aliança com Deus e consideravam os escravos e bárbaros, como pessoas excluídas das bênçãos divinas. Por isso, o Apóstolo Paulo adverte os cristãos, dizendo que o Evangelho se propõe a unir todos os povos em torno de um só Senhor, através da fé na pessoa de Jesus Cristo.

Pode-se interpretar na exortação apostólica, a ideia de um "mundo perfeito", onde prevalece o respeito e o perdão. Portanto, assim como Senhor nos perdoou, devemos perdoar uns aos outros. Mesmo porque, ser cristão não é um certificado de qualidade sociocultural, mas sim, ser o perfume de Cristo na Terra, pois o Evangelho nos capacita a olharmos com misericórdia para aqueles que o mundo desqualificou e a estendermos a mão para aqueles que estão caídos. O exemplo que nos inspira é um Deus que deixou sua Glória Perfeita e desceu ao mundo imperfeito, para resgatar os homens da morte espiritual.

Então, alguém pode perguntar: onde está o "mundo perfeito" nesse mundo imperfeito? 

Para mim, o mundo perfeito não está em esperarmos que todas as pessoas se tornem eficientes no que fazem ou mais capazes e infalíveis, eloquentes ou impressionantes, mas sim, que as pessoas se tornem mais tolerantes e compreensivas com aqueles que, aos olhos do mundo, são desqualificados por alguma razão. Para mim, a nossa perfeição não se define em alcançar "o mais", e sim em erguer a mão para levantar quem é "o menos".

Para mim, o mundo perfeito é o lugar onde as pessoas com dificuldades de alcançar algo têm sempre uma nova oportunidade de tentar; é o lugar onde o incapaz é ajudado sem ser menosprezado; onde ninguém é tido como desqualificado; onde quem decepciona é perdoado.

Em um mundo perfeito, o fraco caminha junto com o forte, o discípulo também ensina ao mestre; e o bandido pode se tornar menino e começar uma nova história.

Nas Palavras de Jesus, podemos encontrar um mundo perfeito.

Ailton de Oliveira

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Onde está o teu irmão?

"Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim." (Gênesis 4: 9-10).

No dia 25 de maio de 2020 em Minneapolis (EUA), George Floyd foi virou notícia internacional, ao ser imobilizado na rua pela polícia, considerado então, suspeito de usar dinheiro falso em uma loja. Enquanto o policial de pele branca apoiava o joelho sobre o pescoço desse homem negro contra o chão, ele totalmente dominado suplicava: "não consigo respirar". Mas mesmo assim, foi sufocado até morrer.

A tragédia foi publicada em todos os jornais, causando protestos em várias cidades dos Estados Unidos da América e no mundo à fora. Durante uma semana de manifestações, mais de 9.000 pessoas foram presas, centenas feridas e algumas morreram nos conflitos. A imagem do indivíduo negro indefeso e morto por um policial branco, fez reacender nas redes sociais, muitos debates sobre direitos humanos e sobre racismo.

Por falar em racismo, conforme sinalizaram as pessoas entrevistadas de Minneapolis, deu para percebermos que essa cidade tem seus problemas, então eu pergunto: se George Floyd e o policial se percebessem como irmãos, essa história teria acabado em tragédia? Se fossem irmãos na mesma cor de pele ou laço familiar? Todavia, essa reportagem me fez lembrar da história dois irmãos, que também acabou em tragédia. 

"Onde está Abel, teu irmão?", assim perguntou Deus ao jovem lavrador Caim, após este tirar a vida de seu irmão mais novo, por não suportar conviver ao seu lado. Neste caso, não foi por racismo, mas também havia algo no outro, em Abel, que incomodava o agressor Caim. Conviver com Abel, despertou uma fúria desmoderada em Caim, um tipo de motivação destrutiva que busca anular o incômodo. Perceba: o mesmo pecado original que degenerou a humanidade no início dos tempos, influencia no temperamento dos homens no tempo presente, de tal forma, que diante de determinados problemas, por vezes o homem tenta anular seu semelhante, para anular o problema, que está em si mesmo. Pressupõe-se então, que o desmoderado Caim eliminou Abel, da mesma forma que um policial desmoderado sufocou George Floyd.

É importante compreender, que os frutos de Caim ou de qualquer pessoa que se julgue merecedor da redenção divina, não compram a vontade de Deus, portanto, o fato de Deus escolher o tributo de Abel e rejeitar o de Caim, era motivo para se instaurar uma guerra entre seres da mesma espécie? O mesmo pecado original que degenerou a humanidade no início dos tempos, cega os homens, diante de uma nova oportunidade de aprenderem e se aperfeiçoarem, para não entrarem novamente. 

Ao contrário de cooperação e respeito mútuo entre irmãos, Caim responde para Deus: "Não sei (onde está o meu irmão); acaso, sou eu tutor de meu irmão?" (Genesis 4: 9). Ao contrário de igualdade social, ouvimos de Minneapolis, denúncias de abuso de autoridades contra a população afrodescendente. Enquanto isso, a voz do sangue de muitos irmãos clama da terra por justiça social.

Acredito que existe um pouco de Caim e de Abel dentro de todos nós, querendo constantemente aparecer, querendo dividir o que Deus uniu, querendo sufocar a preciosa paz social. Em contrapartida, a Igreja do Senhor Jesus Cristo recomenda o caminho do amor, da santidade, do relacionamento com o Criador através da meditação bíblica e da oração, para nos alimentarmos da fonte de toda moderação e justiça. Como bem diz o poeta: "Jesus é a aliança, entre você e Deus. Jesus derramou o seu sangue e nos uniu a Deus" (Com. Ev. de Nilópolis).

Quando a Palavra de Deus estiver no coração daqueles que estão ao nosso redor, nossos semelhantes perceberão que somos todos: irmãos. Ainda há tempo de mudar! Então, vamos buscar a Voz de Deus, que ecoa das Escrituras e nos pergunta: onde está o teu irmão?

Ailton de Oliveira

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Não Compartilhe Fake News!

"Senhor, livra a minha alma dos lábios mentirosos e da língua enganadora. Que te será dado, ou que te será acrescentado, língua enganadora? Flechas agudas do poderoso, com brasas vivas de zimbro. Ai de mim, que sou peregrino em Meseque, e habito nas tendas de Quedar. A minha alma bastante tempo habitou com os que detestam a paz. Pacífico sou, mas quando eu falo já eles procuram a guerra" (Salmo 120: 2-7).

Na última semana de maio de 2020, os jornais ventilaram notícias bombásticas a respeito do Inquérito das Fake News, ligando as pessoas investigadas pela Polícia Federal a um suposto financiamento de notícias falsas nas redes sociais. Existem dois lados políticos defendendo versões diferentes dessa historia: a direita (governo) e a esquerda (oposição), porém, se a CPI for votada em plenário, serão os partidos de centro (base aliada) que decidirão os rumos do inquérito, porque estes são a maioria de votantes. Então eu lhe pergunto: a voz da maioria é a voz da verdade? A realidade dos fatos se esclarece através de votação?

Por falar em fake news, você sabe o que é isso? Trata-se de um termo da língua inglesa, que significa: notícia falsa. Elas interferem negativamente na educação do povo, na política, na saúde, na segurança pública e na religião. Recheada de inverdades ou distorcendo fatos e palavras, uma fake news pode se mostrar na estampa de um discurso culto ou através de posts caricatos, irreverentes e sensacionalistas, tipo aqueles que recebemos pelas redes sociais. Quem sabe, você já tenha até compartilhado fake news, acreditando que tinha correspondência com a realidade? Quem sabe, o seu botão "compartilhar" funcione quase no automático?

Na polêmica discussão sobre os direitos e responsabilidades de um cidadão, surge a pergunta: até onde pode ir a liberdade de expressão? O termo: moderação, pode ser mal interpretado como uma forma de censura, mas em se tratando de espalhar notícias, a Bíblia diz: “No muito falar há muitos erros, mas na moderação dos lábios há prudência ” (Provérbios 10:19).

No Salmo 120, o autor declara ser vítima daqueles que têm lábios mentirosos e língua enganadora. Atualmente, chamamos isso de fake news. As "flechas agudas do poderoso", "pessoas que detestavam a paz e provocavam a guerra", citadas no verso 5, era uma gente de Meseque e Quedar, com as quais, o salmista tinha que conviver. Você conhece gente assim, que gosta de provocar quem pensa diferente?

Mas em determinadas épocas do ano, o salmista fechava a casa e viajava com a família para Jerusalém, nos Festejos da Páscoa, na Festa do Pentecostes e na Festa dos Tabernáculos. Pelo caminho eles entoavam os Cânticos dos Degraus, que vai do Salmo 120 ao 134, para acender na consciência coletiva, a sabedoria Deus, pois Ele é a referência máxima de justiça, de verdade, de moderação.

Quando o salmista chegava no templo da adoração, ali era o seu descanso e então ele podia dizer: "na minha angústia clamei ao SENHOR, e Ele me ouviu".

Em qualquer tempo e lugar, Deus é aquele que pode nos livrar dos lábios mentirosos e da língua enganadora, pois Ele tudo sabe é tudo vê. Em sua Santa Palavra há descanso, princípios de justiça e sabedoria para aprendermos a viver neste mundo cheio de fake news.

Oremos! Oremos para que a verdade seja revelada e oremos especialmente, por aqueles que tentam nos enganar, pois os que disseminam o engano, têm por pai o próprio Diabo, "porque ele é mentiroso, e o pai da mentira”, conforme diz o Evangelho de João 8: 44.

Oremos! Oremos pelo nosso país, pela política, pela justiça, pela Polícia Federal e pela educação do povo.

Que Deus ilumine os nossos pensamentos!

Ailton de Oliveira



sexta-feira, 29 de maio de 2020

Lockdown no Esconderijo do Altíssimo

“O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo. Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido” (Salmos 91:1-7).

O termo em inglês: Lockdown, significa confinamento. Uma medida de isolamento social rígida, que pode vir a ser adotado, se os índices de contágio por Covid-19 na cidade, extrapolarem a capacidade de atendimento clínico dos órgãos de saúde pública. A ideia que a proposta nos passa é, que o perigo está “lá fora”, mas no confinamento há segurança. Então, alguém pode perguntar: o que isso tem a ver com o Salmo 91?

O saltério fala sobre a proteção de Deus em um lugar, supostamente restrito, que o autor chama de: "esconderijo do Altíssimo". Esta reflexão pastoral, estabelece uma analogia entre o refúgio do salmista e o significado da palavra lockdown.

Não se pode detalhar exatamente os conflitos particulares do salmista em seu contexto peculiar, mas podemos sim, interpretar o propósito das figuras representativas utilizadas no seu recado, que são: esconderijo; flechas; sombra; sob suas asas; caiam mil à direita e outras. Portanto, que esta orientação bíblica terá aplicação prática em nossas vidas, se primeiramente, considerarmos que o esconderijo do Altíssimo corresponde às profundezas da alma de um homem crente, sendo habitada pelo Espírito de Deus, onde a escuridão do medo é transformada em luz de esperança, pela chama ardente da fé.

O homem do campo, sabendo como funciona o laço do passarinheiro, compara esse tipo de armadilha de passarinhos, às prováveis ciladas em seu caminho e declara que Deus o livrará. Sabendo que existem também, perigos biológicos no ar que podem fazer adoecer sua saúde, ele confia em Deus, certo de que só o Pai do Céu pode enxergar o inimigo invisível e livrar o homem da peste perniciosa.

A ave que cobre os filhotes debaixo das asas, é no imaginário fértil do poeta, tal como o escudo do guerreiro que o protege das flechas no campo de batalha. Portanto, no esconderijo do Altíssimo, todas as coisas são uma extensão do braço divino, amparando os soldados da fé.

E quando chega a noite e os medos existenciais assumem formas grotescas na escuridão dos pensamentos, o salmista simplesmente descansa em seu Lockdown iluminado pela Graça Divina, em seu quarto de oração, certo de que não perecerá sob terror noturno, pois a mente do poeta habita no esconderijo do Altíssimo. 

Em meio à uma pandemia, alguém perguntaria: como pode o salmista se tranquilizar assim, enquanto há peste lá fora se propagando nas trevas da ignorância? Como pode ele saber que a mortandade que assola ao meio dia não o atingirá? O mundo quer ver sinais, quer ver o milagres, quer entender tudo claramente.

Vale ressaltar, que a poesia hebraica pressupunha expectativas mais otimistas em seus resultados, do que se conformar com a situação dificultosa do próprio poeta em seus dias de vida sobre a Terra. Ao compararmos a história do povo de Israel com o discurso triunfalista do saltério, pode nos parecer, estar diante de alguém que vitória sobre uma bênção que espera ainda receber, porque sabemos que o povo de Israel vivenciou também, tempos de penúria, tempos de pestes, de confinamento, tempos de Lockdowns bíblicos.

À linguagem do Salmo 91 é simbólica, arquétipa e em certos trechos: triunfalista. Se ignorarmos que a poesia hebraica possui um gênero literário próprio, corremos o risco de distorcer o sentido e propósito do texto. Todos os saltérios são verdades em formato de rezas; de hinos; de poesias, que apresentam o cotidiano e a fé do povo do Antigo Testamento em orações, para ensinar e motivar os corações.

Entretanto, essa prática devocional de celebrar o livramento antes de acontecer a bênção, se faz providencial no tempo presente, pois se "a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem" (Hebreus 11:1), as verdades do Samo 91 gera nos nossos corações: sabedoria e confiança em Deus, enquanto estivermos em Lockdown no "esconderijo do Altíssimo".

Ao ler o verso sete, posso imaginar um guerreiro vendo milhares de flechas no ar viajando em sua direção e nesse instante, ele pergunta: como poderei não ser atingido por incontáveis dardos mortais? Mas ao lembrar-se do saltério que canta a vitória antes da vitória, uma vez que só lhe resta acreditar positivamente ou deixar que o medo o paralise, ele avança em defesa da vida, na certeza de que: "mil cairão ao seu lado e dez mil à sua direita, mas ele não será atingido”. Isso também é fé! Pois não importa se vai acontecer do jeito que se espera. O importante é confiar em Deus e avançar!

Importa-nos perceber, sobretudo, que o Salmo nos sugere habitar no esconderijo do Altíssimo e não simplesmente, fazermos um Lockdown conveniente, somente nas horas difíceis, porque habitar com Deus é ter consciência que o Onipotente está conosco permanentemente. E mais: confiar em Deus é como abrir uma porta pelo lado de dentro. Portanto, se Deus escolheu você, então, deixe Jesus entrar em seu coração e ali, se estabelecerá uma sala de oração, um Lockdown permanente, um esconderijo do Altíssimo, como assim bem diz Apocalipse 3:20: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo".

Talvez, ainda tenhamos que adotar muitos Lockdowns ao longo da nossa história, nesse mundo de pestes, de terrores noturnos, de mortandades. Contudo, não importam os resultados. O que importa é habitar no esconderijo do Altíssimo, pois Ele é o nosso refúgio, nosso baluarte, nosso Deus, em quem confiamos.

Ailton de Oliveira

terça-feira, 19 de maio de 2020

"Tempo de não abraçar", a espera de muitos abraços

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. [...] Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar" (Eclesiastes 3: 1 e 5).

No portal de notícias Estado de S. Paulo, a jornalista Giovana Girardi publicou no dia 04 de maio de 2020, um artigo muito interessante, com o título: “Por que um abraço faz tanta falta durante a quarentena?”. Ela explica que o contato presencial entre as pessoas é algo essencial, desde o nascimento até o fim da vida de um indivíduo.

A pesquisa diz ainda, que essa experiência sensorial, o contato da mãe e o bebê; pai e filho; mestre e aprendiz e muitas outras formas de calor humano, fazem com que a pessoa conheça sobre si mesma, amadureça de forma saudável, descubra seu lugar na sociedade e se sinta preparada para lidar com as difíceis situações da vida, como por exemplo: o estresse. Então, eu te pergunto: nesse mundo tão estressante em que vivemos, quem consegue viver sem apertar a mão do outro ou sem abraçar?
O brasileiro, de uma forma geral, gosta de festa, mas com a pandemia do Covid-19 se alastrando, o prazer dos encontros virou saudade dos amigos e dos parentes. De repente, encostar nas pessoas passou a ser um risco à saúde e afastar-se, tornou-se um favor mútuo. A pracinha ficou deserta, o futebol, vazio e as crianças pararam abraçar os avós, tornando a terceira idade ainda mais isolada do que já era. Bem vindos ao mundo virtual! As notícias na TV, fazem a pandemia parecer o Apocalipse, mas não! Ainda não. O livro de Eclesiastes nos informa, que esse tal de "tempo de deixar de abraçar" é uma coisa que faz parte da história humana, é um período que passa. Somos um mundo à espera do abraço, porque gostamos de contato físico, de calor humano. A Ciência nos diz, que o abraço desperta sentimentos de apego e empatia, através de um hormônio chamado: oxitocina. E por falar em apego, pense naquelas pessoas que moram sozinhas, tendo que permanecerem em casa, entediadas. Você sabe o que é solidão? Teria, a falta de abraços, alguma coisa para nos ensinar? A Bíblia nos conta, que um abraço celebrou a reconciliação entre Jacó e seu irmão. Depois de muitos anos de afastamento e desafeto, o reencontro aconteceu assim: "então Esaú correu-lhe ao encontro, e o abraçou, e lançou-se sobre o seu pescoço, e o beijou; e eles choraram" (Gênesis 33: 4). Entre o "não abraçar" e o "abraçar" dos dois, existia um tempo e ele já havia passado, pois na ausência do outro, ambos perceberam outros aspectos importantes naquela relação familiar. Talvez tenha valido a pena vivenciar a falta, para se perceber o valor de um amigo. A psiquiatra Helena Bentrani (cientista da USP) ensina, que "animais e crianças com falta de contato podem desenvolver ansiedade e depressão ao longo da vida”. Veja então, como Deus é sensível a nós, pois quando os discípulos queriam afastar as crianças, para que estas não atrapalhassem a preleção do Mestre, Jesus disse a eles: "...deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava" (Marcos 10:14-16). Viu?! Jesus também gosta de abraço. Abraçar é querer bem; é acolhimento; é perdão. Quando o Filho Pródigo voltou arrependido para a casa de seu pai, depois de desperdiçar toda sua herança, ao invés de castigo ele recebeu o quê? Um abraço! Assim diz a parábola: "...vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e o beijou" (Lucas 15:20). Mesmo que estejamos distantes da situação que inspirou o autor de Eclesiastes a escrever sobre o "tempo de deixar de abraçar", convenhamos que o tempo presente é o mesmo elemento que sempre passa, pois as coisas mudam e no tempo certo, voltaremos a nos encontrar com os nossos amigos, nossos familiares, nossos irmãos. Na aplicação do verso cinco (Eclesiastes 3: 5), quem "espalhava pedras" em outros tempos, deve entender que "ajuntar pedras" significa: mudança de postura, adaptação, resiliência, paciência ou uma oportunidade de se aprender novas tecnologias. Então, comece higienizando as mãos, use álcool em gel e fique em casa. Quem sabe assim, o tempo de abraçar volte mais rápido! Todos hão de concordar, que é melhor não abraçar por enquanto. Mas, enquanto vivenciamos a falta da companhia do outro, da igreja, dos abraços, podemos mensurar o quanto é prazerosa a comunhão presencial da igreja. Em qualquer tempo, seja onde for, Deus está ao nosso lado ouvindo o nosso clamor, por conta da Aliança eterna que temos em Jesus. Como Pai zeloso e presente, Ele fala aos nossos corações por meio de sua Santa Palavra e nos abraça, na consolação do seu Santo Espírito. Tenha fé! "Há tempo para todo o propósito debaixo do céu". Então fique em casa durante a pandemia, mas abrace a esperança! Abrace a fé! Abrace Jesus! Junte-se a nós nessa grande corrente de esperança, a espera de muitos abraços. Ailton de Oliveira





quarta-feira, 13 de maio de 2020

Escale a montanha, mas vá com calma!

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.  [...] Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora" (Eclesiastes 3:1 e 6).

A 8.850 metros montanha acima, lá estava o alpinista Vitor Negrete dando um passo trêmulo de cada vez, desgastando ossos e nervos nos poucos metros que faltam para conquistar o pico do Monte Everest. Ele mal suporta as cortantes rajadas do ar rarefeito, no estágio limite da consciência, enquanto seu sangue quase congela. Já cheguei até aqui, só me resta prosseguir! Imagino que ele tenha pensado assim.

Destemido e bem humorado, Vitor era do tipo que fazia piadas com as aventuras perigosas que passou e dizia para sua mãe, que subia montanhas para ficar mais perto de Deus. Mas havia chegado o dia em que, apesar dele conseguir deixar sua marca no topo do mundo, esse alpinista extremamente técnico precisou ser resgatado e receber cuidados médicos.

Teria ele escolhido o momento errado de subir à montanha? Até que ponto, vale a pena sacrificar a saúde ou companhia da família, para conquistar um sonho?

"tempo de buscar, e tempo de perder". No dia seguinte, em 19 de maio de 2006, Vítor Negrete não resistiu à exaustão física e faleceu, após se tornar o primeiro brasileiro a desafiar sem equipamento de oxigênio, a chamada: Zona da Morte”. 

Sua esposa e dois filhos não puderam se despedir dele, pois o corpo foi sepultado com o sonho: no Everest, onde todo propósito deve ser cuidadosamente calculado; onde um passo errado beira o céu; onde a determinação tem seu tempo determinado; onde quem busca, às vezes se perde; onde guardar a vida significa lançar fora o sonho aventureiro e voltar para os braços da família.

Jornais da época disseram que Vítor Negrete era um pai atencioso e um marido dedicado. Coisa admirável, são os pais conseguem ser intensos no trabalho e suficientemente comprometidos com os assuntos de casa. Na sua família assim, o tempo todo?

Nossos projetos e sonhos particulares são semelhantes a uma montanha sedutora, que por vezes, nos furtam do convívio familiar, outras vezes desgastam a nossa saúde. É a chance profissional; é o novo empreendimento; é a corrida pelo prêmio, por vezes, induzindo-nos a subir a montanha na hora errada. E no ponto alto de nossa escalada profissional, quando tomados de cansaço, assim pensamos: já cheguei até aqui, só me resta prosseguir! Mas veja o perigo! A essa altura, sua sensibilidade e relacionamento familiar já foram congelados, pelo ar rarefeito da ambição mercadológica. Vá com calma pai! Vai devagar mãe! Sua família também precisa de atenção.

Dos atletas que escalam o Everest sem equipamento de oxigênio, 50% morrem. Da  mesma forma, se você não der atenção à sua família ocupando-se só com trabalho, é possível que não surjam problemas em casa. Vai arriscar? 

Ausentar-se da família é não se importar: que a esposa sente falta do seu homem e protetor; que o marido precisa de compreensão e do acalanto de sua mulher; que os filhos precisam de afeto, de conversa, de proteção e correção. E os avós? Alguém se importa com o que eles sentem? Como diz Pedro Bial: "Muita calma nessa hora!".

Salomão foi um homem muito ocupado com grandes empreendimentos, os mais bem-afortunados de seu tempo. Entretanto, deixou-nos a frase: "tudo tem o seu tempo determinado". Então, escale o seu sonho, mas vá com calma. Passe mais tempo com a sua família!

Ainda há tempo! É tempo de calcular o limite das nossas escaladas e lembrar, que existe uma família lá no pé da montanha esperando por nós. Se trabalho é montanha, família é oxigênio. Não se pode viver sem ela.

É tempo de lembrar, que o limite das escaladas humanas é um Pai Celestial, nos chamando para conversar e nos orientando através de sua Santa Palavra, que a família é um prêmio real, mais valioso do que qualquer sonho.

Então, trabalhe muito, estude com afinco, escale suas montanhas, mas vá com calma! "Há tempo para todo o propósito debaixo do céu".

Ailton de Oliveira