“A alma farta pisa o favo de mel,
mas para a alma faminta todo amargo é doce”
(Provérbios 27:7)
O romancista francês, Albert Camus,
conta em seu livro “A Queda”, a história do advogado Jean Baptiste Clamence, um
homem arrogante que se transformou em humilde, após vivenciar o maior
arrependimento de sua vida.
Dentro de um bar de marinheiros
em Amsterdã, angustiado, ele sentia a necessidade de revelar o vazio que tomara
seu coração. Jean conta para um mero desconhecido, que antes de entrar em sua
crise auto penitente, gastava seus altos honorários em boates e hotéis acompanhado
de mulheres consideradas por ele como objetos de prazer. Era um homem admirado
por muitos, bonito, “bem de vida”, inteligente e conseguia convencer as pessoas
“no papo”. Gostava de olhar para os outros com indiferença acreditando que isso
o tornava ainda mais respeitado. Jean se considerava um cidadão impressionante
e cheio de virtudes.
Na parte triste de sua história, ele
conta que foi profundamente amado por uma das várias mulheres que conheceu,
porém, muitas vezes a abandonou e depois voltou a encontra-la, só para se
divertir e brincar com os sentimentos da coitada. Até gostava um pouco dela, mas
era vaidoso demais para lhe entregar seu coração. Como já se esperava, um belo
dia o cafajeste a deixou definitivamente “sem pena” e sentiu-se superior. O
tempo passou e Jean até se esqueceu de tudo isso.
Um belo dia, quando Jean passava
por uma ponte, ouviu uma gargalhada feminina que o fez se lembrar “daquela”
mulher. Em seguida, ouviu o barulho de algo caindo na água. Certo de que, alguém
acabara de se atirar na correnteza do Rio Sena, Jean não soube o que fazer, não
conseguiu ver onde a pessoa afundou, mas acreditou ser aquela que ele tanto
humilhou. A gargalhada o fez pensar nos sentimentos dela e o barulho da água o
fez lembrar de todo mal que ela sofreu. Pensou ele: Seria ela desistindo de
viver? Jean sentiu um profundo peso de culpa.
Aquele suicídio fez Jean refletir
profundamente sobre o valor das pessoas e da vida, pois concluiu que suas
supostas virtudes não faziam bem aos outros, por isso não eram virtudes.
Lembrou-se daqueles com quem ele conviveu e como lhes tratava com desprezo.
Jean percebeu que apesar de suas qualidades provocarem admiração nos outros,
eram destrutivas, e isso fazia dele um homem moralmente desprezível.
Por fim, Jean se arrependeu de
tanta vaidade e decidiu viver entre as pessoas mais simples e pobres de
Amsterdã, a fim de prestar-lhes os serviços de advocacia. Ele iniciou uma busca
pelas verdadeiras virtudes, tentando ser uma pessoa realmente boa para os
outros.
A história de Jean Baptiste
Clamence, nos leva a refletir no texto bíblico de Provérbios 27:7, onde a
Palavra de Deus nos orienta a sermos companheiros com aqueles que necessitam de
atenção, de afeto, de respeito, de amizade porque eles têm valor, são como
“favos de mel”
Jesus Cristo é o maior exemplo de
virtude, porque se esvaziou da sua glória quando desceu ao nosso mundo para se
tornar um de nós e nos ensinar a amar. Cristo até morreu por causa dos
nossos pecados e vencendo a morte nos deu a vida eterna. Ele, o nosso Senhor, se
importa com as pessoas mais simples e prometeu que nunca deixará aqueles que o
aceitarem.
Devemos cultivar diariamente em
nós um coração que ama sem buscar interesses próprios. Nós precisamos perceber
na simplicidade das pessoas ao nosso redor o valor que elas possuem. Faça as
pessoas felizes e seja feliz.
Ailton de Oliveira
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