sexta-feira, 3 de maio de 2019

O Prédio Caiu!

“E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mateus 24:1-2).

A aparência de um grande empreendimento é o fator que seduziu os discípulos de Jesus, da mesma maneira que atrai pessoas no tempo presente, induzindo-as a crer, que estar associado à imagem do sucesso, lhes faz ter sucesso também. A sociedade quer resultados rápidos, com menos custos e mais benefícios. É o desejo de um futuro melhor tentando materializar o sonho.

Em abril de 2019, vários jornais apontaram a Zona Oeste do Rio de Janeiro, como área de intensas atividades dos chamados: milicianos, uma facção que cobra “taxa de proteção” a moradores e comerciantes locais. Sabe-se ainda, que essa organização criminosa surpreendeu o mercado imobiliário, construindo e vendendo apartamentos com varandas fascinantes. O menor preço com muitos benefícios aparentes. Mas quando as chuvas torrenciais inundaram a cidade, dois desses prédios da comunidade da Muzema no Itanhangá desabaram, por falta de infraestrutura e por causa da fragilidade do solo próximo às encostas de morros. Infelizmente, aquela obra só tinha aparência.

Em frente a TV, eu conseguia controlar minhas emoções assistindo a tragédia que deixou vinte e quatro mortes confirmadas, mas quando a câmera mostrou um homem sentado no chão, encolhido e em prantos, angustiado por causa da perda de sua esposa e filho, minha vista embaçou. O prédio caiu! Lágrimas e marcas profundas foi o que restou para aqueles que sobreviveram.

No texto bíblico, a previsão de Jesus dizia que aquele prédio suntuoso construído pelo Rei Herodes, onde judeus de todas as partes se reuniam três vezes por ano, estava para cair. Mais de trinta anos se passaram após essa conversa, até o Imperador Tito entrar em Jerusalém e destruir o edifício, não deixando pedra sobre pedra que não tivesse sido derrubada. O prédio caiu! Lágrimas e marcas profundas foi o que restou para aqueles que sobreviveram.

Mateus 24:2, nos alerta para as armadilhas que nos pegam pelos olhos, advertindo-nos que o caminho certo a seguir, não está garantido nas aparências sedutoras, nem nas soluções prontas que encontramos na caminhada, nem nas propagandas impactantes. No decorrer da conversa, Cristo prepara o coração dos discípulos para um tempo difícil que estava por vir, “o princípio das dores”, alimentando-os de coragem, porque o que realmente importa em nossas vidas, nem sempre está na direção do conforto.

É preciso coragem para ser realista, para encarar os fatos, para identificar os próprios limites e enfrentar as dificuldades de olhos abertos. É preciso ter fé em Deus e caminhar sem ficar reclamando das condições de vida que recebemos. Ou você tem coragem ou você corta caminho em ilusões.

A vida é uma empreitada difícil, uma obra lenta e custosa, onde coisas inesperadas acontecem. Passivo de decepção está aquele que deposita sua esperança no prazer imediato de menor custo com mais benefícios aparentes, porque o sacrifício sempre vem antes da glória, como foi o exemplo de Cristo e de muitas pessoas sensatas, que conseguiram alcançar seus sonhos, confiando na orientação de Deus.

Os homens cometem erros, os temporais e as tribulações aparecem sem avisar, os “templos feitos por mãos” viram ruinas históricas, a Catedral de Notre-Dame de Paris pegou fogo misteriosamente, mas as Palavras de Jesus estarão sempre vivas, para nos dar coragem nos momentos mais difíceis.

O Reino Cristo é eterno e inabalável. Andar com Jesus é o maior de todos os empreendimentos!

Ailton de Oliveira

domingo, 28 de abril de 2019

A Mão Sarada e a Mão Ferida

“E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra” (Marcos 3:5).

Já não era a primeira visita de Jesus naquela sinagoga judaica, mas se eu estivesse por perto, correria para lá como quem espera ver um confronto político em véspera de eleição: os doutores da Lei contra Jesus. Cochichos entre alguns fariseus corriam sorrateiramente pelo salão, do tipo: hoje prenderemos o Milagroso, de uma vez por todas! Só Deus sabe quantos estavam ali interessados no cerimonial, quantos motivados pela vaidade, quantos queriam ouvir os ensinamentos do Messias prometido e quantos só queriam “ver o circo pegar fogo”.

Evidente, porém esquivo, um homem de mão mirrada assistia a preleção do Mestre. Seu defeito físico era considerado pelos judeus como um castigo de Deus. Não havia descanso para sua culpa, pois a enfermidade estava presa ao corpo e rotulada pela sociedade. Faltava-lhe iniciativa para clamar por misericórdia ao visitante milagroso que ele ainda não conhecia. Mais do que ser curado, aquele homem precisava conhecer Jesus pessoalmente.

Nossos problemas particulares podem ser diferentes, contudo, evidenciam os desgastes que sofremos por conta das vicissitudes da vida. Tal qual o homem da mão mirrada, circulam entre nós, irmãos que já não têm forças para continuar lutando contra os problemas de casa, do trabalho, da família e de saúde. Mas do que resolver problemas, precisamos de relacionamento com Jesus.

Encoberto pelos fariseus, havia um plano maléfico armado contra o Senhor. Bastava-lhe apenas, manifestar seu poder em pleno dia de sábado em benefício de alguém ali, para receber em troca, a severa acusação chancelada pelos doutores da lei judaica. “...E eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? (Mateus 12:10).

No dia de sábado, os judeus repousavam do trabalho, conforme está escrito em Êxodo 20.8 e Deuteronômio 5.12, entretanto, relaxavam a consciência moral, pois nem mesmo ajudavam a um necessitado que aparecesse pelo caminho (O Bom Samaritano - Lucas 10:25-37). Eles distorciam a proposta do repouso das obrigações trabalhistas, transformando o sábado em uma obrigação religiosa, com muita cerimônia e pouco temor a Deus. Endeusavam a lei de Moisés, tornando-se cegos na presença do Senhor da Lei, o qual, toda a lei aponta e, pelo qual, toda a lei estava sendo aperfeiçoada em Jesus. Diante deles se revelou a personificação do verbo descansar: Jesus Cristo, o descanso para as nossas almas, mas os fariseus não acreditaram. “E estavam observando-o se curaria no sábado, para o acusarem” (Marcos 3:2).

Jesus poderia ter se afastado do homem da mão mirrada, pois já tinha problemas demais para resolver, os fariseus que o perseguiam e a questão do sábado que teria que explicar. Mesmo compreendendo a maldade daqueles corações, mesmo conhecendo o perigo que o cercava, decidiu abençoar o homem da mão mirrada. “E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados" (Mateus 12: 11-12).

Através de Jesus, a mão recolhida é desprendida da desigualdade social, pois aquele que se isola, constrangido por ser diferente, é convidado a se achegar para o meio e colocar entre os iguais, porque para Deus somos todos iguais: “E disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te e vem para o meio” (Marcos 3:3).

Mas às vezes, sentimos dificuldade de abrir o coração, de esquecer as tristezas do passado e receber o alento do Senhor. Todavia, quando estamos diante dos desafios do dia a dia, Cristo nos chama para exercitarmos a fé, para expormos diante de Deus as nossas fraquezas, nossos sentimentos. Suas Palavras de amor confortam o temeroso coração, fazendo-o caminhar na direção do Senhor para ser abençoado: “...disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra” (Marcos 3:5).

A mão sarada: o necessitado recebe atenção; recebe a Graça de Deus; recebe o perdão; recebe uma nova perspectiva de vida.

A mão ferida: Jesus Cristo, substitui aquele que sofria por causa de suas limitações, porque os fariseus deixaram de desprezar o homem da mão mirrada para desprezar o Cristo; porque o fariseus deixaram de condenar o provável pecado do homem da mão mirrada (suposto motivo por sua enfermidade) para condenar o Cristo por ter curado em um dia de sábado.

Jesus é a mão ferida, em favor de todos nós, conforme predisse o Profeta: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre, ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados” (Isaías 53:4-5).

Resumindo a linda história do homem da mão mirrada, que foi sarado, levaremos para a vida que nos resta, a certeza de que Deus conhece as nossas limitações particulares; que o Senhor nos chama para vencermos os bloqueios pessoais pela fé; e que devemos confiar a nossa vida em suas mãos, que por amor a nós, foram feridas na cruz.

Glórias a Jesus Cristo, a mão ferida, por amor de muitos.

Ailton de Oliveira