"E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem" (Lucas 24: 15 e 16).
O dia de domingo nunca mais foi o mesmo, depois daquela notícia: Ele está vivo! Seria isso, fake news? Jamais! As irmãs que viram os anjos, são fontes confiáveis! Perplexos, se questionavam Cléopas e seu companheiro de viagem. Entretanto, a única conclusão que tinham à frente dos olhos, naquele momento, era os dez quilômetros de estrada até Emaús.
Lembraram do Messias traído e machucado, sangrando a tão esperada libertação do povo judeu. Pensaram na profecia de setecentos anos atrás (Isaías 7: 14) e na frustrante morte do Homem de Nazaré. O sangue misturado ao rastro da cruz ainda clamava em seus corações: Onde estás a justiça?! Onde estāo os milagres?! Onde está "hosanas…"? Onde estão os que foram abençoados, se não, escondidos na multidão de ingratos, ou quem sabe, roucos de gritar: crucifica-o! Onde estará o horizonte desta nação, se nosso sonho de liberdade foi transpassado pela fúria do engano? Onde está a verdade? Onde está o castigo dos corruptores? Onde está o Salvador?
Lamentos relembram sonhos fracassados, carreiras interrompidas e pessoas que perdemos, como por exemplo, o saudoso Renato Russo (1960-1996), a voz que muitas vezes cantou esta frase: "Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz, mas não me diga isso..." (Legião Urbana: Via Láctea).
Enquanto se lamentavam, uma terceira pessoa aproximou-se, passando a caminhar junto deles. Um homem que não mostrava o rosto, lhes perguntou sobre as últimas horas, como se não soubesse de tudo, contando histórias de Moisés e os Profetas, com a sabedoria de alguém que transcende o tempo e os montes. Suas palavras eram revigorantes, porém, Ele os advertiu: "Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?" (Lucas 24: 25-26).
Ele caminhou com os angustiados, quando sem fé, estes esmoreciam. Ele lhes acendeu a esperança predita pelo profeta: “...porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Isaías 53, 12). Ele poderia partir em outra direção, mas quis assentar-se à mesa com pessoas simples, abençoar e repartir o pão, onde de repente, os olhos espirituais dos homens se abriram e então, finalmente creram que Jesus está vivo!
"E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?" (Lucas 24: 32).
Quem já sofreu, entende quem sofre e encontra um pouco de alento nas canções, na catarse febril de um luminoso poeta, buscando fôlego a um passo da eternidade. Mas nada se compara ao orvalho que emana de Deus, o qual, restaura a nossa esperança sob o poder das Divinas Palavras, daquele que venceu todos os sofrimentos, a saber, Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor.
Você não precisa ser como aqueles que conseguem rir das desgraças da vida, fingindo que está tudo bem. O poeta também não era assim, por isso ele sofre dizendo: "Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz, mas não me diga isso".
Mas Jesus responde para o peta e para você: "... Eu sou o caminho, a verdade e a Vida…" (João 14: 6).
Ailton de Oliveira