"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo" (1 João 3:1).
No filme: O Palhaço (2011), de Selton Mello, o personagem Benjamin trabalha com seu pai na dupla de palhaços e na administração do modesto Circo Esperança. Desanimado pela falta de recursos e baixa bilheteria, o rapaz decide trocar o picadeiro por outra profissão mais reconhecida no mercado. Ele, que não tinha nem carteira de identidade, observava o mundo fora do circo, vislumbrando a vida do cidadão de carreira promissora.
Certa noite, o pai olhou para o filho reflexivo e lhe disse: "na vida a gente tem que fazer o que a gente sabe fazer. O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço. E você é o quê?". Esta foi uma pergunta retórica de mestre para discípulo, de criador para cria, uma questão de identidade, mas Benjamim queria se reinventar.
Alguns dias depois, parecia que tudo estava dando certo: documentação resolvida e o rapaz trabalhando no novo emprego, porém, Benjamin sentiu saudade dos tempos de palhaço, quando lhe faltava dinheiro para comprar um ventilador, mas sobrava talento e criatividade. Seu novo trabalho oferecia benefícios, mas não o mesmo prazer de estar no picadeiro. Aos poucos o ex palhaço foi percebendo, que ao mudar de profissão, desistira da própria essência, reprimindo as marcas de sua personalidade.
Decepcionado ele diz: “eu faço o povo rir, mas quem vai me fazer rir?”. Encarando os fatos, Benjamin acha conforto nas palavras do pai e decide voltar para o circo. Em um ato libertador, nele renasce o vigoroso artista, ao descobrir que os caminhos do mundo podem oferecer benefícios, mas encontrar o caminho ideal é uma questão de identidade.
Quem é você? Existência, quem somos e o que sabemos fazer, são prerrogativas que passaram pelas mãos do Criador, fato bíblico que iluminou o compositor Luiz Ramalho, na canção: "Foi Deus quem fez você. Foi Deus que fez o amor. Fez nascer a eternidade num momento de carinho. [...]. Foi Deus…". Portanto, o Criador nos deu um DNA, algo que exerce força gravitacional em nossos pensamentos e decisões. Podemos chamar essa marca pessoal de identidade.
Por sua Graça Redentora, Deus nos eleva à condição de filhos, de maneira que nos identificamos com o Pai, o conhecemos afetuosamente, seguimos seus passos à luz das Escrituras e o mundo nos vê como povo de Deus. Uma vez adotados à família da fé, o Caminho ideal é uma questão de identidade. Então eu te pergunto: quem é você?
Um jovem pode não saber qual profissão trilhar, qual faculdade ingressar, com quem se casar ou onde morar, mas o cristão sabe quando Deus fala ao seu coração, porque o filho identifica o Pai. Confiar em Deus é uma questão de identidade.
Aquele que um dia foi confortado por Palavras de fé, acolhido na comunhão dos irmãos, pode em um lapso prolongado vir a distanciar-se do Pai do Céu, mas nunca de seu olhar amparador, pois o Pastor Divino buscará sua ovelha perdida, ainda que seja no mais declinado abismo e a colocará na direção segura. Andar com Deus é uma questão de identidade.
Percebe quando Deus faz silêncio, apenas aqueles que conhecem a acalentadora voz do Pai, e assim, "como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo…" (Salmo 42:1-2). Rezar, orar, falar com Deus, não se delimita como simples prática religiosa, pois é uma questão de identidade.
Quem é você? A Bíblia diz: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17).
Não seja um religioso de aparência, pois você não conhecerá o Pai, se não ouvir a sua Palavra. "Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações,..". (Hebreus 3:7-8). Abra o seu coração e receba Jesus Cristo, o único Intermediador entre Deus e os homens.
Ser cristão não é alternativa. Ou você é filho de Deus ou você não é. Você é o quê? A resposta é uma questão de identidade.
Ailton de Oliveira