sexta-feira, 22 de novembro de 2019

...ainda assim, Deus te ama

"Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 João 4:10).

Lá estava Pinóquio matutando em seu cantinho. Só mais um boneco de madeira na bancada do carpinteiro, assim ele se sentia, desejando ser o que as outras pessoas são, ter o que as outras pessoas têm e ir onde as pessoas podem ir. Já para o seu criador, ali estava a magnífica obra de sua vida. O velho Gepeto teria transfigurado a pele do carvalho à semelhança de menino, para preencher seu coração de amor gratuito e solitário, pois a criatura irrequieta escapava da presença de seu pai, seduzido pelos vislumbres de um mundo arrebatador. Ali estava, não um robô, mas sim, um ser autônomo e desobediente.

Não lhe bastava a atenção do carpinteiro, Pinóquio queria ser apreciado por outras pessoas. Não guardava os conselhos do pai, Pinóquio queria experimentar as travessuras dos meninos que mentem e faltam aulas na escola, para vivenciar emoções privativas com sabor de liberdade, intensamente, inconsequentemente. Que mal há nisso? Perguntou-lhe um simpático moço, sugerindo que o acompanhasse até um lugar muito divertido. Preciso dizer se ele aceitou ou não?

A continuação dessa história, todos conhecem: Pinóquio se divertiu em caminhos errados. Em dado momento, conheceu o engano e a crueldade do mundo. Depois, se arrependeu e tentou escapar das consequências das escolhas que fez. E quando tudo parecia estar perdido, o menino peralta foi resgatado por aquele que sabia exatamente quem era seu filho e ainda assim, o amava.

Em sua primeira carta, João refere-se às novas gerações de discipulandos como "filhinhos", com intimidade e preocupação paterna, corrigindo àqueles que se diziam amar a Deus, mas que aos outros não amavam. Amavam somente a si mesmos, distanciando-se do Pai do Céu.

A Palavra do Criador nos ensina, que o coração iluminado pelo Deus transcendente manifesta sua divina presença imanente, através de gestos em favor do próximo. Portanto, quem tem Deus no coração, ama adequadamente a si mesmo e ama o próximo, porque Deus é amor. Mas, como bem diz a canção Sol de Primavera: "...a lição sabemos de cor, só nos resta aprender" (Beto Guedes).

Resta-nos aprender sobre o amor de Deus, quando nos sentimos insignificantes, desejando ser o que as outras pessoas são, ter o que as outras pessoas têm e ir onde as pessoas podem ir, pois o Soberano do Universo está perto de nós, nos conhece bem, não precisa de nós para coisa alguma e ainda assim, Ele nos ama.

Resta-nos aprender sobre a grandeza de Deus, quando esquecemos de orar e de entoar louvores ao Criador, pois Ele nos considera como obra prima da criação (Hebreus 2:7-8). Deus transfigurou o pó da terra para nos fazer à sua "imagem e semelhança" (Gênesis 1:26), para preencher seu divino coração de amor gratuito e solitário, pois muitas vezes, nós permitimos que as inquietações humanas, as mentiras, as torpezas do mundo nos desviem da amizade com Pai do Céu. Até que um dia, a vida manda "a conta" pra gente pagar e a gente fica fugindo das consequências. Não somos robôs, mas sim, seres autônomos e desobedientes e ainda assim, Ele nos ama.

Como bem diz Max Lucado: "A grande notícia da Bíblia não é que você ama a Deus, mas sim que Deus ama você; não é que você pode conhecer a Deus, mas que Deus já conhece você! [...] Ele vê o que há de pior em você e ainda assim o ama".

Deus é amor.

Ailton de Oliveira