"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação" (Habacuque 3:17,18).
O último capítulo de Habacuque, fecha com declarações de esperança, porém, o discurso inicial desse breve livro retrata a crise pessoal do profeta, diante do preditivo declínio da nação Israel, infestada de contendas e da impunidade que oprimia os cidadãos simples. Como se não bastasse, um grande exército inimigo se preparava para invadir a cidade.
Em seu estado terminal de insegurança, Habacuque queixa-se com Deus, exclamando: "Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?" (Habacuque 1:2).
Se o homem moderno avalia a situação do mundo, baseando-se nas evidências que estão diante dos olhos, a lógica humana exerce força gravitacional sobre o ânimo do cidadão, podendo furtar-lhe a alegria de viver. E quando esse ser humano de visão limitada passar pelo "vale das sombras" da dúvida, do medo, da morte, talvez pergunte: onde está Deus, que não age neste momento difícil?! Mas, para aqueles que confiam no Senhor, "ainda que ande pelo vale da sombra da morte" (Salmo 23:4), encontrará consolo e proteção junto ao Pai do Céu, que caminha ao lado e diz: "o justo viverá pela fé" (Habacuque 2: 4).
Ao conversar com Deus, Habacuque percebeu que os planos divinos lhe trariam sofrimentos imediatos, porque Altíssimo estava permitindo a invasão dos babilônico à cidade de Jerusalém. Entretanto, este homem compreendeu que o cativeiro era necessário para endireitar os caminhos do povo. Percebeu também, que seu discernimento limitado não podia presumir os benefícios para além da crise temporal, por isso era melhor confiar no Pai do Céu, que tudo vê, que sabe, que tudo pode. Apesar de saber, que ainda teria que atravessar o período mais difícil de sua vida, o profeta se fortaleceu, no momento em que conversou com Deus.
"O Senhor Deus é a minha fortaleza. Ele dá aos meus pés a ligeireza das corças, e me faz andar nas minhas alturas" (Habacuque 3:19).
Por fim, o abatimento do homem se converteu em canção, solenemente declamada por um coração esperançoso, que encontrou sua alegria eterna, não no florescer da figueira, nem nos frutos da vide ou em qualquer outra forma de saciedade humana, mas sim, quando depositou toda a sua confiança em Deus.
Ailton de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário