"Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim." (Gênesis 4: 9-10).
No dia 25 de maio de 2020 em Minneapolis (EUA), George Floyd foi virou notícia internacional, ao ser imobilizado na rua pela polícia, considerado então, suspeito de usar dinheiro falso em uma loja. Enquanto o policial de pele branca apoiava o joelho sobre o pescoço desse homem negro contra o chão, ele totalmente dominado suplicava: "não consigo respirar". Mas mesmo assim, foi sufocado até morrer.
A tragédia foi publicada em todos os jornais, causando protestos em várias cidades dos Estados Unidos da América e no mundo à fora. Durante uma semana de manifestações, mais de 9.000 pessoas foram presas, centenas feridas e algumas morreram nos conflitos. A imagem do indivíduo negro indefeso e morto por um policial branco, fez reacender nas redes sociais, muitos debates sobre direitos humanos e sobre racismo.
Por falar em racismo, conforme sinalizaram as pessoas entrevistadas de Minneapolis, deu para percebermos que essa cidade tem seus problemas, então eu pergunto: se George Floyd e o policial se percebessem como irmãos, essa história teria acabado em tragédia? Se fossem irmãos na mesma cor de pele ou laço familiar? Todavia, essa reportagem me fez lembrar da história dois irmãos, que também acabou em tragédia.
"Onde está Abel, teu irmão?", assim perguntou Deus ao jovem lavrador Caim, após este tirar a vida de seu irmão mais novo, por não suportar conviver ao seu lado. Neste caso, não foi por racismo, mas também havia algo no outro, em Abel, que incomodava o agressor Caim. Conviver com Abel, despertou uma fúria desmoderada em Caim, um tipo de motivação destrutiva que busca anular o incômodo. Perceba: o mesmo pecado original que degenerou a humanidade no início dos tempos, influencia no temperamento dos homens no tempo presente, de tal forma, que diante de determinados problemas, por vezes o homem tenta anular seu semelhante, para anular o problema, que está em si mesmo. Pressupõe-se então, que o desmoderado Caim eliminou Abel, da mesma forma que um policial desmoderado sufocou George Floyd.
É importante compreender, que os frutos de Caim ou de qualquer pessoa que se julgue merecedor da redenção divina, não compram a vontade de Deus, portanto, o fato de Deus escolher o tributo de Abel e rejeitar o de Caim, era motivo para se instaurar uma guerra entre seres da mesma espécie? O mesmo pecado original que degenerou a humanidade no início dos tempos, cega os homens, diante de uma nova oportunidade de aprenderem e se aperfeiçoarem, para não entrarem novamente.
Ao contrário de cooperação e respeito mútuo entre irmãos, Caim responde para Deus: "Não sei (onde está o meu irmão); acaso, sou eu tutor de meu irmão?" (Genesis 4: 9). Ao contrário de igualdade social, ouvimos de Minneapolis, denúncias de abuso de autoridades contra a população afrodescendente. Enquanto isso, a voz do sangue de muitos irmãos clama da terra por justiça social.
Acredito que existe um pouco de Caim e de Abel dentro de todos nós, querendo constantemente aparecer, querendo dividir o que Deus uniu, querendo sufocar a preciosa paz social. Em contrapartida, a Igreja do Senhor Jesus Cristo recomenda o caminho do amor, da santidade, do relacionamento com o Criador através da meditação bíblica e da oração, para nos alimentarmos da fonte de toda moderação e justiça. Como bem diz o poeta: "Jesus é a aliança, entre você e Deus. Jesus derramou o seu sangue e nos uniu a Deus" (Com. Ev. de Nilópolis).
Quando a Palavra de Deus estiver no coração daqueles que estão ao nosso redor, nossos semelhantes perceberão que somos todos: irmãos. Ainda há tempo de mudar! Então, vamos buscar a Voz de Deus, que ecoa das Escrituras e nos pergunta: onde está o teu irmão?
Ailton de Oliveira
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